Quando a Vitrama foi criada em 1992 foi feito um estudo cuidadoso, tendo sido decidido NÃO trabalhar vitral de chumbo, apesar de haver um grande mercado de reconstrução.
Não houve dúvidas em se optar por uma técnica de ponta, na época já consagrada e estabilizada, conhecida como “overlay”, que além de ser não-tóxica e ecológica, apresenta vantagens importantes em termos de duração, estabilidade de cor, produção, peso, preço e ausência de manutenção, entre outras.
Eis porque nos recusamos a trabalhar com chumbo:
O chumbo é extremamente tóxico, mesmo em pequena dose e o seu efeito no organismo é cumulativo.
Concentra-se no sangue, tecidos e ossos e causa anemia, lesões cerebrais permanentes, problemas gastrointestinais, no sistema nervoso central e no funcionamento dos rins. Sintomas possíveis são anorexia, fadiga, dor abdominal, vómitos, diarreia, incapacidade de concentração, letargia, comportamentos bizarros ou agressivos, depressão, redução da líbido, neuropatia motora, hiperuricémia, aminoacidúria, bradicardia, hipertensão, coma. São conhecidos muitos casos de pintores e vitralistas que contraíram saturnismo ou outros tipos de envenenamento por chumbo.
Eis porque são perigosas não apenas as barras de chumbo, mas também os próprios vidros:
Na técnica clássica de vitral, além do chumbo nas ligações e nas soldaduras, também se usavam outros metais pesados tóxicos no fabrico dos vidros, acrescentando impurezas de bismuto, cádmio, cobalto, etc (e outros não perigosos, como ouro e cobre) á massa de vidro fundido, com vista a obter as diferentes cores.
Infelizmente as leis que protegeram do chumbo e amianto o ambiente e os consumidores, pouca atenção deram a outros metais pesados/tóxicos pelo que ainda há muito stock desses vidros em fábricas e vitralistas mais antigos, que agora têm necessidade imperiosa de o esgotar, o que tem feito cair os preços desses vitrais.
Há quem insira o vitral de chumbo numa sandwich de vidro, porém isso destrói o acabamento táctil e visual e toda a beleza do vitral, mantem-se a ilegalidade, e não permite ancoragem. É quase certo os vidros quebrarem quando o chumbo abaular após alguns anos (fotos a pedido).
Caso famoso: Apesar de já decorridos 25 anos após o encerramento de uma fábrica de amianto em Itália, em 2012 os responsáveis foram condenados a 16 anos de prisão e 95 milhões de euros em indemnizações.
Após as proibições legais em todo o mundo, as indústrias baseadas em chumbo foram facilmente remodeladas com êxito pela utilização de tecnologias mais avançadas: gasolinas, obturações dentárias, canalizações, tintas, cerâmicas, rolhas de champanhe, tipografia, etc. E os vitrais também, claro.
Em resumo, para não arriscarmos a nossa saúde e visto que qualquer responsável pela implementação de vitrais em chumbo pode um dia vir a ter graves problemas legais e morais, decidimos não estar envolvidos, ainda mais tendo melhor alternativa.